Revista Vitória

Wednesday, October 12, 2005

Os jovens e o álcool

Júnia Leticia

Festas, diversão e agito são as palavras-chave dos jovens. A juventude é a fase da vida em que temos ilusões, coragem para experimentar tudo o que o mundo tem a nos oferecer. Só que essa fase, repleta de descobertas, é, também, cercada por medos, para os quais grande parte dos jovens não está preparada. Com isso a necessidade de auto-afirmação, de demarcação de seu espaço na sociedade, esbarra no orgulho, na prepotência de achar que ele, jovem, é o possuidor da verdade, na não-aceitação de seus limites.

A partir do momento em que surgem os “nãos”, o jovem encontra em seus amigos, nas festas e na bebida o subterfúgio para os seus problemas. Contudo, isso pode estar, na verdade, sendo o começo de uma viagem ao fundo de um poço. A bebida, que passa a ser consumida para quebrar a timidez excessiva, por curiosidade, por contestação aos limites que lhe foram impostos, torna-se o melhor remédio para todos os males. Caso haja uma predisposição genética, os efeitos do álcool são ainda mais nocivos. O alcoolismo pode acontecer.

Alcoólicos Anônimos

A pessoa dominada pelo álcool perde o controle sobre si mesma, perde o respeito por si e pelos outros, deixa de obter conquistas materiais e, enfim, diz adeus à dignidade. Apesar de reconhecido como doente, em caso de crime, o alcoólatra é julgado da mesma forma que quem não o é, porque a escolha de beber partiu dele, sendo sua a responsabilidade. Pensando nessas pessoas, foi fundado, em 1935, o AA (Alcoólicos Anônimos). O AA é uma entidade que conta atualmente com cerca de 90 mil grupos em 144 países. Sem fins lucrativos, não adota um programa para pessoas pararem de beber, e, sim, reformularem suas vidas.

Os maiores empecilhos para o tratamento do alcoólatra são o não-reconhecimento de que a bebida o prejudica; é não aceitar que o problema está com ele e não com os outros e não encarar sua impotência perante o álcool. “Os problemas não acabam ao se entrar para o AA. O que muda é a forma de se encarar este problema. Minha felicidade hoje resume-se em poder encarar-me no espelho de manhã”, L.J.A. “As pessoas que estão na sarjeta, se perguntadas se são felizes, afirmam categoricamente que sim, pois desconhecem os prejuízos que o álcool traz. Mas quando o bêbado chega ao fundo do poço, encontra sua família lá. Tamanha a inconsciência, a ignorância que a bebida traz, eles de destroem sem saber. O amanhã com a bebida alcoólica é horroroso”, V.C.M.

O alcoolismo

O alcoolismo é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e, segundo o AA, é progressiva, incurável e de fins fatais.

Apesar de moralmente aceito, “em um panfleto intitulado Dynamics of Addiction (As Dinâmicas da Dependência), o Johnson Institute – centro educacional sobre o alcoolismo, nos EUA – classifica o álcool a metade do caminho de uma escala de substâncias viciadoras, que vão desde a cafeína, nicotina e maconha (no fundo da escala), passando pelos soníferos, tranqüilizantes, anfetaminas e barbitúricos (agrupados ao redor do álcool, no meio), até a cocaína, demerol, morfina e heroína (no alto da escala). Outros estudos sugerem que o álcool pode ser a mais viciadora de todas as drogas”, conta Donald M. Lazo, autoridade em alcoolismo.

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