Revista Vitória

Wednesday, October 12, 2005

A emancipação feminina no País da Tiazinha

Júnia Leticia

Bem-vindos ao ano de 1999. A expectativa pela virada do milênio já se faz mais intensa. No século XX, grandes mudanças ocorreram, mas há de se ressaltar as conquistadas pelas mulheres. Neste século, as mulheres tiveram o direito ao voto, de escolher quando e quantos filhos querem ter (e se querem tê-los), direito a sentir prazer e não somente servir de objeto de prazer, de se casar com quem quiserem e se desfazerem dessa relação caso achem apropriado, denunciar abusos físicos infringidos por seus companheiros, direito de trabalhar, estudar, crescer e conquistar sua independência financeira. E o mais importante: mostrar que têm capacidade, inteligência, que seus atributos físicos são complementos e não a parte principal de seu todo.

Diante de tantas conquistas, já no fim deste expressivo século, não poderíamos deixar de agradecer a ilustres mulheres que, com muito sacrifício, luta e determinação são a máxima representação de uma mulher que não quer ser relegada ao ostracismo: parabéns a Tiazinha, Carla Perez, Sheila Carvalho, Valéria Valensa, dentre outras. Essas bravas guerreiras de saias (ou sem saias) que muito suaram seus tops (isso quando usavam um) nos brindam, nacionalmente e internacionalmente, com a fiel (sic) representação da mulher brasileira.

A superexposição de suas formas anula o mistério de se imaginar o que está por vir, pois tudo já foi revelado, além de padronizar comportamentos. Por meio de gestos, palavras e, na maioria das vezes, mostrando o que elas têm de melhor – a parte traseira –, essas ilustres representantes do sexo feminino solidificam o que para nossa atual sociedade, machista, não é novo: as mulheres não têm cérebro. Se têm, não o usam, mesmo porque, com tantas sacolejadas e abaixadas ele pode já ter sido seriamente danificado. De fato, se elas tivessem o cérebro no lugar certo, menos ambição e vaidade, não recorreriam a conquistas fáceis. Mostrariam que têm algo superior às suas formas físicas, algo muito mais sólido. Há na história diversos exemplos de mulheres que, com determinação e força de vontade, mostraram ser possível vencer.

Tiazinha e Carla Perez passarão, mas outras virão para substituí-las. São só produtos da mídia capitalista que as usa como bem entende. Esse estereótipo do sexo feminino danifica e consolida a imagem de mero objeto sexual que há séculos permeia nossa sociedade e que muitas mulheres há tempos tentam reverter. Entretanto ainda há tempo de contornar esta posição na qual elas se colocaram ou foram empurradas. Basta a conscientização de seus reais valores.

A pressa é inimiga da responsabilidade

Júnia Leticia

No jornalismo, o que se persegue com ardor é a notícia e, quanto mais rápida a sua veiculação (principalmente se for uma matéria exclusiva), maior será o lucro para o meio que a veicula. Lucro, sim, pois os meios de comunicação, em sua quase totalidade, buscam o retorno financeiro, o status de ser o mais competente, o mais preciso entre seus concorrentes.

Essa corrida em busca da notícia, por vezes desleal, e, o que é mais grave, pode desencadear erros com graves conseqüências, tanto para quem a divulga, quanto para o sujeito da divulgação. São casos em que, devido à pressa, não se averiguam cuidadosamente as fontes, acabando por distorcer informações, ou mesmo criá-las.

No Brasil, um dos erros de maior repercussão foi o que afetou a Escola de Base, em São Paulo, que expôs seus proprietários como suspeitos de abusar sexualmente de seus alunos. O que era uma suspeita por parte da polícia, na imprensa foi tratado como acusação, ganhando destaque nacional. Terminadas as investigações, averiguou-se que os “acusados” pela imprensa eram inocentes. Ou seja, os meios de comunicação acabaram sendo responsáveis pela destruição da reputação de pessoas sem culpa, acarretando problemas financeiros e psicológicos para elas.

É de conhecimento geral que os fatos no mundo estão ocorrendo a uma velocidade impressionante e as novas tecnologias empregadas nos meios de comunicação acirram a corrida em busca do tão ansiado furo jornalístico. No entanto, o jornalista deve estar ciente de que a pressa não justifica atitudes irresponsáveis. É inegável a força da imprensa, sendo, portanto, enorme a carga de cuidados que precisam ter os jornalistas ao veicular uma informação. Ao jornalista cabe promover o crescimento social, não a derrocada da sociedade em geral.

Os jovens e o álcool

Júnia Leticia

Festas, diversão e agito são as palavras-chave dos jovens. A juventude é a fase da vida em que temos ilusões, coragem para experimentar tudo o que o mundo tem a nos oferecer. Só que essa fase, repleta de descobertas, é, também, cercada por medos, para os quais grande parte dos jovens não está preparada. Com isso a necessidade de auto-afirmação, de demarcação de seu espaço na sociedade, esbarra no orgulho, na prepotência de achar que ele, jovem, é o possuidor da verdade, na não-aceitação de seus limites.

A partir do momento em que surgem os “nãos”, o jovem encontra em seus amigos, nas festas e na bebida o subterfúgio para os seus problemas. Contudo, isso pode estar, na verdade, sendo o começo de uma viagem ao fundo de um poço. A bebida, que passa a ser consumida para quebrar a timidez excessiva, por curiosidade, por contestação aos limites que lhe foram impostos, torna-se o melhor remédio para todos os males. Caso haja uma predisposição genética, os efeitos do álcool são ainda mais nocivos. O alcoolismo pode acontecer.

Alcoólicos Anônimos

A pessoa dominada pelo álcool perde o controle sobre si mesma, perde o respeito por si e pelos outros, deixa de obter conquistas materiais e, enfim, diz adeus à dignidade. Apesar de reconhecido como doente, em caso de crime, o alcoólatra é julgado da mesma forma que quem não o é, porque a escolha de beber partiu dele, sendo sua a responsabilidade. Pensando nessas pessoas, foi fundado, em 1935, o AA (Alcoólicos Anônimos). O AA é uma entidade que conta atualmente com cerca de 90 mil grupos em 144 países. Sem fins lucrativos, não adota um programa para pessoas pararem de beber, e, sim, reformularem suas vidas.

Os maiores empecilhos para o tratamento do alcoólatra são o não-reconhecimento de que a bebida o prejudica; é não aceitar que o problema está com ele e não com os outros e não encarar sua impotência perante o álcool. “Os problemas não acabam ao se entrar para o AA. O que muda é a forma de se encarar este problema. Minha felicidade hoje resume-se em poder encarar-me no espelho de manhã”, L.J.A. “As pessoas que estão na sarjeta, se perguntadas se são felizes, afirmam categoricamente que sim, pois desconhecem os prejuízos que o álcool traz. Mas quando o bêbado chega ao fundo do poço, encontra sua família lá. Tamanha a inconsciência, a ignorância que a bebida traz, eles de destroem sem saber. O amanhã com a bebida alcoólica é horroroso”, V.C.M.

O alcoolismo

O alcoolismo é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e, segundo o AA, é progressiva, incurável e de fins fatais.

Apesar de moralmente aceito, “em um panfleto intitulado Dynamics of Addiction (As Dinâmicas da Dependência), o Johnson Institute – centro educacional sobre o alcoolismo, nos EUA – classifica o álcool a metade do caminho de uma escala de substâncias viciadoras, que vão desde a cafeína, nicotina e maconha (no fundo da escala), passando pelos soníferos, tranqüilizantes, anfetaminas e barbitúricos (agrupados ao redor do álcool, no meio), até a cocaína, demerol, morfina e heroína (no alto da escala). Outros estudos sugerem que o álcool pode ser a mais viciadora de todas as drogas”, conta Donald M. Lazo, autoridade em alcoolismo.